21.7.10

blog de outono

há um sentimento sazonal que prevalece sempre dentro do espírito blogueiro. isso irrita-me um bocado. confesso que despejo grande parte do mau feitio neste(s) espaço(s), mas penso que a minha vontade de escrever traduz-se num negro estado de espírito constante, ainda que muitas vezes esteja "porreira da vida" e muito bem-disposta. o acto de pensar e deixar fluir ideias confere-me a aura negativa das palavras amargas.

que é como quem diz "neste blog quase nunca há verões e o sol não brilha".

neste blog é quase sempre outono. não um outono muito rude nem sequer demasiado lírico, não o outono das castanhas, da lareira a crepitar, das mantas e do aconchego e já agora, porque não?, o outono do "cheiro a doce de tomate feito pela minha avó" (private joke).
o outono deste blog é o outono das despedidas dos amigos e amores de verão, que não sabemos se voltamos a ver, do frenesim do regresso às aulas, da alegria de se ter livros novos e lápis de cor afiados em degradés de tons. o outono deste blog é o dedo na ferida. o frio dum final de tarde em que não se levou casaco, a hora tardia e escura, porque a noite rouba ao tempo as horas perdidas de luz. o outono do imprevisto. o outono das primeiras constipações. o outono que nos devolve as tardes feitas noite nas salas de cinema. a tristeza de um natal anunciado - sim, porque agora o natal já não é no inverno, como antigamente - e a nostalgia de outros natais. sentimo-lo antes da hora.

neste blog não há verão declarado.

e amanhã vou de férias.

...hoje vou deitar-me assim.

já não se fazem músicas destas...

acho que fiquei "agarrada aos 90's". sem dúvida, a minha década preferida de músicas...




também não desgostei dos 80's. já os 70's...

hoje acordei assim...

19.7.10

Reflexões de uma portuguesa no meio do Mundo

acabei de ler isto no 31 da Armada e não posso deixar de concordar com algo do que lá está escrito e discordar (bastante) ao mesmo tempo. aliás, concordar só mesmo na parte em que o "falar mal de Portugal" tornou-se um hábito.



Reflexões de um Português em Madrid


As diferenças entre portugueses e espanhóis são inúmeras e eu sempre me orgulho e orgulharei de ser português. Mas há uma característica que tempos como povo que nos mata, a falta de auto-estima que tanto abunda na vizinha Espanha. Hoje, ao entrar num táxi saído do aeroporto de Barajas (Madrid) digo ao taxista, numa de português simpático a tentar agradar, que o tempo está quente e que gosto muito de Madrid, mas é pena ser uma cidade com um clima terrivelmente quente no verão e frio no inverno. E aí o taxista deu-me uma resposta que nenhum português daria, “Sabe”, disse taxista, “Madrid é uma cidade perfeita e mesmo o clima é quase-perfeito!! Com mais dez graus no Inverno e menos dez graus no Verão seria mesmo o paraíso!” Resposta extraordinária, pois são exactamente esses dez graus a mais ou a menos, que fazem com que a cidade seja insuportável do ponto de vista do clima. E que às oito da noite não me deixavam, nem a mim nem a ele, conseguir respirar num táxi sem ar-condicionado, a entrar numa cidade deserta pelo calor. Se fosse um português aposto que teria dito, “Sabe, Isto neste país já nem o clima se aproveita!”. A auto-confiança ou auto-estima, como lhe queiramos chamar, constrói-se desde o berço e sobretudo através de um sistema escolar que nos faça acreditar que somos capazes. Os EUA, onde estudei alguns anos, são especialistas em criar esse ambiente fomentando uma auto-confiança no indivíduo extraordinária, através de mensagens positivas. Parece que foi ontem e já lá vão 10 anos, que aterrei em Boston e fui à minha primeira aula na universidade. Num inglês medonho, faço um comentário tonto no meio de 80 pessoas e sinto-me mal, mesmo incomodado. Penso, nunca mais abro a boca. No fim da aula o professor aproxima-se e diz-me, “ Carlos - Great Job! Keep it up”. Fiquei alucinado! E quase acreditei que o meu comentário não tinha sido assim tão mau, o que me fez no dia seguinte voltar a participar sem aquele medo típico, que em Portugal temos, de dizer asneiras em frente ao professor. Se ele me tivesse dito, “Carlos – para próxima pensa bem no que dizes e talvez valha pena teres aulas de inglês”, tal teria sido a morte do artista. Aquele dia marcava a minha entrada num sistema em que os alunos são motivados pela positiva o que os faz querer ir mais longe. A função do professor é mais do que ensinar, é ajudar o aluno a acreditar que pode conseguir. Acreditar que é capaz. Obviamente e como diz um amigo americano, não há sistemas perfeitos e o positivismo americano em excesso cria muitas vezes as suas tragédias, e dá como exemplo a Sarah Palin que acredita tanto nela que não tem consciência dos seus limites, que são muitos. Por isso, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Mas um pouco mais de auto-estima, como povo, não nos faria nada mal !!


mais aqui (comentários etc e tal).


concordo em tudo o que disse o comentador António Vieira e devo acrescentar mais umas quantas ideias. é certo que os espanhóis têm uma auto-estima colectiva e um brio na sua nacionalidade que valha-nos Deus!, e é certo que ingressar no mercado de trabalho espanhol (sendo português) é, também por isso, muito complicado. adiante. se os portugueses deveriam ter essa tal "auto-estima colectiva" mais elevada? caso tivessem razões para isso, talvez. o facto é que eu não acho que o problema esteja na auto-estima. os portugueses têm uma razoável auto-estima (basta ver como qualquer tuga é feliz com uma sandes de coirato e uma mine na mão - se adicionarem o apedrejamento ao Carlos Queirós, então a coisa vai que é um mimo!) e penso que os portugueses são e estão bastante felizes e optimistas com o país ou o Governo que nos governa. caso contrário, já teriam tomado algum tipo de atitude mais agressiva, mais não fosse, votar noutro gajo que não o Sócrates. e sim, somos um povo com um sentido de humor bastante mais refinado e diversificado do que os espanhóis - temos humor para todos os gostos. desde os homens da luta, aos gato fedorento, do herman josé ao nuno markl, até aos malucos do riso e o guilherme leite ou a maria vieira, temos mais que vontade de rir e fazer rir.

acho que o que falta em portugal não é elevar a moral e a auto-estima dos meninos nos bancos da escola. qualquer dia, falta é os meninos levarem uma carga de pancada do professor à moda antiga, com reguada, cinto ou mesmo à "b'fatada"; como é que se pode pedir a um professor que instigue a auto-estima dos meninos quando os meninos gostam de fazer ameaças ao professor?

acho que o que falta em portugal é mais reivindicação.

acho que o que falta em portugal é real informação e não fecharem jornais e calarem os jornalistas que dizem verdades não-censuradas.

acho que o que falta em portugal é justiça, mais e melhor justiça, saúde e educação.

acho que o que falta em portugal é passarmos das palavras aos actos.

não é a falta de orgulho nacional que nos trava. o que falta aos portugueses não é a merdice desmesurada  que vai na cabeça dos espanhóis, que parecem os novos-ricos falidos e hipotecados da europa.
o que falta aos portugueses é agruparem-se e serem mais unidos, haver menos inveja e menos mediocridade. é haver mais associação, mais organização, um real cultivo pela qualidade e por querer ser melhor, e não ser invejoso ou hipócrita.

porque a realidade é que o copo está meio cheio, mas são apenas alguns a beber sempre o que lá está.


17.7.10

amizade ou caridade?




hoje estou mesmo em "fuck you all" mood.

a culpa não é do tempo, nem da crise, nem do mundo. a culpa também não é dos "outros". a culpa é mesmo minha. insisto sempre em achar que as pessoas são seres complexos, bonitos e interessantes nas suas diferenças, complexidades, mundos interiores. e depois fodo-me. pardon my english, mas é mesmo assim. fodo-me.

acho que já todos passámos por isso. é uma situação verificável a duras penas, depois de muitas "chapadas" no focinho, que custa muito, e custa aceitar certos factos de puro desinteresse porque nos damos a mesma importância relativamente aos outros em proporção directa à importância que damos a essas pessoas. ou seja, achamos que a outra pessoa nos corresponde no pensamento e na preocupação, da mesma forma que nos preocupamos e GOSTAMOS da outra pessoa.

isto não tem a ver com marte vs vénus nem com relações entre homens e mulheres, muito menos com sexo. tem a ver com amizade, ou um sucedâneo de amizade. recentemente acabo de constatar que fui um caso, não de amizade, mas de caridade. é isso mesmo. caridade. nunca foram o "caso de caridade" de alguém? o que é isso afinal? é algo que pensamos e confundimos (porque somos levados a isso) com amizade. a pessoa dá-nos (supostamente) o seu coração, a sua amizade para todo o sempre, abre-nos as portas de sua casa, fala connosco a todas as horas, passamos horas ao telemóvel, ficamos a saber os seus inúmeros dramas, hopes and dreams. essa pessoa, indiscutivelmente, por um motivo de grande infelicidade, uma má fase, precisou desesperadamente de uma pessoa "normal" na sua vida. nós somos essa figura de normalidade. eu fui a pessoa "normal" na vida de alguém que julguei ser meu amigo.

um dia, sem razão aparente, deixamos de ouvir falar ou saber de tal pessoa. deixa de atender os nossos telefonemas, deixa de querer saber se estamos bem ou mal. de repente, a amizade que era para todo o sempre, alterou-se do dia para a noite. toda aquela "paixão" meio dependente esfria até nem sequer haver um telefonema de natal ou aniversário. achamos estranho.

porquê caridade? porque tudo aquilo teve um falso alicerce de intimidade forçada, baseada numa não confessada diferenciação de nível social, diria mesmo, de status social. a pessoa faz-nos sentir especial, porque ela própria é especial e parece-nos revestida duma humanidade sem fim. afinal, o importante é a amizade, não o que a pessoa faz e somos mesmo levados a crer que importante é o ser humano. da mesma forma, somos levados, em diversas situações, a deslumbrarmo-nos por essa pessoa e até chegamos a pensar que desempenhamos um papel especial na vida de alguém que conhecemos há tão pouco tempo e é admirada por tanta gente (seja lá por que motivo for). chega finalmente o dia em que somos dispensados, mas até ao fim essa pessoa repetir-nos-á como somos especiais e únicos e adorados e preciosos, se for confrontada com um "nunca mais ligaste, desculpa se estou a incomodar". mas nunca existe um retorno no telefonema, um querer saber, nada. só mensagens vagas que não denotam real interesse.

problemas todos temos, e humanos somos todos, uns talvez mais do que outros. o que hoje brilha, amanhã pode não brilhar. não me interessa se a pessoa me diz que me adora se não estiver lá para mim, quando efectivamente não está. muitas vezes, estas pessoas queixam-se que os outros apenas vêem o brilho das luzes que as rodeiam, que não as amam pelo que elas SÃO, mas pelo que elas representam. às vezes (e repito apenas às vezes, porque nem todos são iguais), às vezes às vezes... não existe muito mais do que as luzes que rodeiam estas pessoas.

merdas

o que se segue pode ser tão privado, tão privado, ao ponto de apenas eu entender. quem se quiser dar ao trabalho, leia. quem quiser tirar alguma dúvida, pergunte. por favor.

na "vida real" tento ser polida e educada. já fui menos, contrariamente ao que a minha mãe me ensinou. não hesitava em mandar alguém à merda, quando me vinham com "merdas". os dias, anos passaram e ensinaram-me que a minha mãe tinha razão. não devemos ser rudes, grosseiros ou arrogantes a troco de muito pouco. sem motivo de peso que justifique o facto de se "perder as estribeiras".

na "vida virtual" hesito, e hesito porque sei pela experiência de anos aqui formada, que às vezes surgem mal-entendidos, as pessoas não se conhecem e não devemos tirar conclusões precipitadas do pouco que lemos em blogs alheios. mas cansa, deveras, perceber que há pessoas que baseiam os seus blogs em cópias de cultura pronta-a-ouvir/ler/ver/whatever, e esses blogs não passam dum aglomerado das merdas que estas pessoas lêem, das merdas que ouvem, das merdas que aprendem sempre com a mesma merda (salvo seja) de autores. só eles não percebem que parafraseiam cons-tan-te-men-te as mesmas figuras de culto. andam todos no mesmo clube e falam num dialecto próprio, têm todos o mesmo aspecto e acham-se todos muito "cool". adoram as cenas que vêem no JL e o cinema russo de princípio de século, entre outros. ah sim, e o saramago, claro.

a coisa até me podia passar ao lado, e eu até posso gostar de muito do que estas pessoas gostam (é um facto), e até me posso identificar com alguns desses autores; a coisa toma outros contornos e deixa de me passar ao lado, quando lá meto o nariz e comento (têm caixas de comentários que deduzo que sirvam para alguma coisa) e aqui reside o busílis da questão. é que se sou inocente nas merdas que escrevo, nas questões que coloco nesses blogs ditos "cultos" ou de "culto", do outro lado, ocasionalmente, são pessoas com um ar extremamente arrogante que me respondem. gente mal educada e mal formada, e detesto isso. pessoas que se acham o supra-sumo da cultura e respondem à laia de sarcasmo mal contido, que mais valia dizerem "o que é que esta quer?" pois nas respostas subentendo perfeitamente o tom. e é do tom que eu não gosto.


falar mal com conhecimento de causa é uma coisa. gostos não se discutem.
falar mal do que não se conhece (autores publicados, por exemplo) é de muito mau tom. parece dor de corno, não parece outra coisa, desculpem lá. eu posso não gostar das obras da margarida rebelo pinto mas sei porque não gosto porque já li. posso não gostar das obras do saramago, por outras razões que não as da mrp, mas ao menos li. nunca me verão/ouvirão/lerão(quer pessoalmente, quer no blog) falar mal, naquele tom arrogante de quem sabe tudo na vida, de algo que não conheço.

outra coisa completamente diferente é tratar-me com condescendência.
não demorará muito que mande alguém à merda.





* isto tudo porque li algures uma gaja a falar mal do pedro paixão, cujos livros eu ADORO, e estou-me nas tintas para o autor, o aspecto, os gostos e a atitude. a obra, não a pessoa, ok?

15.7.10

sex, lies and... whatever


hoje, a propósito de uma amiga que um dia me disse que eu era "a Samantha do grupo" (da série Sex and the City), troquei umas ideias com um gajo (que gosta de comer caracóis com copinhos de leite), que variaram da onda do "os portugueses são uma merda" até "as pessoas só têm trampa em vez de miolos". isto porque entre medo de viver e medo de assumir uma real mudança nas suas vidas, entre frustrações e preconceitos, estereótipos e perfis, caixas e caixotes, tudo tem de encaixar em determinado sítio, a certa idade, a certa altura da vida. a casa, o carro, o cônjuge, o cão, o gato, o filho e o periquito. se sim, óptimo-tudo-bem-beijinhos-à-prima. se não, caldo entornado, pata na poça, burra nas couves e a porca torce o rabo. muitas vezes, mas mesmo muitas, shit happens e isso ultrapassa-nos num todo impossível de digerir/dirigir.

mas de todos os males que possamos sofrer e padecer, há sempre alguns que podemos evitar, outros que podemos mesmo suprimir. acima de tudo, e se algo não vai bem, há que fazer acontecer uma mudança. mudar de vida não é assim tão difícil como se possa pensar. eu sei. mudei de vida muitas vezes. tantas quantas as que me apeteceu, tantas ao ponto de me chamarem camaleão. com algumas pedras e muitas encruzilhadas pelo caminho. mudei.

não existem fórmulas, é certo; cada um viverá à sua maneira o melhor que pode. mas será justo apontar o dedo aos "pecados" dos outros? achar-se o melhor em tudo, sacar o livro da "vida perfeita", dizer à boca cheia à amiga que acabou de levar um estalo do namorado que "eu nunca discuto com o meu namorado"?!? falar da tal vida perfeita quando nunca se mexeu uma palha para se ter aquilo que se tem? criticar quem vive as suas loucuras e aventuras num tempo próprio, sem magoar ninguém? não acho justo, apenas porque quase toda a gente luta muito para ter o que tem, seja material, seja pessoal. não me regozijo ao ver que essas pessoas acabam mal, mas sou incapaz de me vangloriar do que quer que seja, porque aí inverter-se-íam apenas os papéis e o papel de "I told ya so" não me fica bem.

eu não sou nem nunca fui a Samantha do grupo. talvez uma Carrie, sim. talvez. estou mais perto de ser uma Sam do que uma Charlotte, que se acha o máximo da pureza virginal, hipocritamente, porque acaba por papá-los tanto como a outra.
o certo é que a amiga que me colou o rótulo de Sam (foi uma forma simpática e airosa de me criticar, no meu estilo de vida) hoje em dia não está bem nem é feliz e eu preocupo-me com ela. não tenho receitas nem fórmulas mágicas e muito menos rótulos para lhe dar, apenas a certeza de que melhores dias virão.


hoje estou numa de "ser forinha" - mas com estilex

esta ilustração tão gira é da mariana, auto-intitulada - a miserável. 
podem apreciar mais em http://marianaamiseravel.blogspot.com/.


ó sara, tu não me fazes declarações de amor destas porquê? às vezes acho que não temos jeito nenhum para a "foriiice" e para a vida artística pá. 
só para beber, fumar e falar mal.

dasse.

the story of my life




hoje acabei uma tela que
1- nunca pensei sequer começar
2- nunca pensei acabar tão depressa
3- nunca pensei que ficasse tão "bem"


tenho por defeito uma preguiça inominável, digna de constar no Livro Maior da Calanzice, que me impede de cumprir alguns objectivos e sim, talvez, de ser mais feliz.
e tudo graças à inspiração divina do objecto pintado. se houve alturas em que pensei que certas coisas me estavam vedadas, hoje acredito que a força de acreditar que no fundo, se elas existiam, é porque podiam ser dignas de mim, se eu fosse digna o suficiente para as ter.

acho que sempre pensei que um dia...

... e esse dia têm sido quase todos os dias, de há três anos para cá. até hoje.

hoje acabei uma tela. foda-se que estou mesmo feliz.

I'm a fuckin' genius!


I write like
James Joyce
I Write Like by Mémoires, Mac journal software. Analyze your writing!

14.7.10

Imagem do dia




apeteceu-me. apenas isso.
sem muita "conversa".

WANTED - dead or alive

COLTON A. HARRIS-MOORE

parece cena de filme à americana. isto ainda irá ressuscitar os velhos westerns. o scorcese tem mesmo de falar com este puto.

13.7.10

sons de outros tempos a lembrar velhas histórias de amor II aka songs of love and hate II

para não correr o risco absolutamente desnecessário de haver uma crise de ciúmes cá em casa em relação ao blog e aos exorcismos que nele praticarei, combate de terríveis demónios, fica este vídeo, inteiramente dedicado à minha paixão. por todos os motivos e mais alguns, mas acima de tudo porque esta tarde ouvi este álbum e só me lembrava de ti :)

e porque o vídeo é muito giro.



música de verão

Robert Mapplethorpe e a arte incompreendida do nu explícito

















o Facebook é uma treta das grandes... a capa do novo álbum dos Scissors Sisters, “Night Work”, foi censurada no Facebook, porque os respectivos gestores consideraram que era “inapropriada e excessivamente explícita”.



10.7.10

sisters in arms

não há nada que te possa dizer de novo. nada existe dentro de mim sem que o saibas já. acho que por dizer nunca ficaram muitas palavras, tanto de amor como de desamor (nunca te odiaria) porque as palavras são o que sempre melhor nos definiram como seres humanos, como mulheres de letras que somos. devo-te muito, minha irmã, minha amiga de todas as horas. atravesso um mau momento, um momento que tende a esticar até ao momento em que as horas passarão mais dispersas entre os ponteiros dos meus mil e um afazeres diários. sinto falta das conversas reais, de te ter por perto. das palavras reais. das que nos tocam, das que nos fazem rir e chorar, das palavras que acompanham gestos e calor. das que acompanham um bom prato e um bom copo de vinho. não precisa de ser num restaurante, não quero estar contigo num restaurante, já perdi a conta às vezes que jantámos em restaurantes. coisas tão simples como convidar-te para vires cá a casa, agora que tenho uma casa. cozinhar para ti, algo decente, não coisas feitas à pressão, como aquele arroz do mar congelado que te fiz pela primeira vez lá em casa, em que acabámos por comer ovos mexidos. gostava que ficasses cá em casa a dormir numa cama a sério, não num colchão. agora que encontrei alguém que gostava que chamasses "amigo" e a quem pedisses uma chávena de chá a meio da noite. somos do tempo das dormidas e das festas, dos convívios, do buraco negro, das cartas trocadas, das confidências em finais de adolescência perdida. sinto falta duma amiga que não tenho. muito mais do que de uma amiga que não tenho, sinto saudades tuas, da amiga que nunca trocaria por nada nem ninguém neste mundo. as armas podem de quando em vez sair à rua, mas no fim, todos temos sempre um pouco de bom, de mau e de feio. as armas recolhem-se no final do jogo. não passa de um jogo. porque sei que no final, perco sempre, perdes sempre, perdemos porque o nosso mau feitio não é assim tão mau. e retomamos tudo, como bons seres humanos sentimentais que somos. desculpa ser tão cruel por vezes. desculpa magoar-te desta forma. desculpa ter-te feito chorar.


acho que tenho apenas saudades de quem me passe os sapatos a ferro.


sons de outros tempos a lembrar velhas histórias de amor I aka songs of love and hate

são apenas sons desconexos que fazem lembrar velhas histórias de amor. algumas são intemporais e portanto, não são de "alguém" ou de "ninguém" ou minhas ou seja do que for. algumas "pertencem" a histórias de amor que não as minhas, apenas histórias de outros, amigos, conhecidos, velhas almas. mais do que uma ou outra pessoa, cada música lembra-me até mais do que uma ou duas pessoas. não é assim tão complicado. apenas assim acontece porque a música é um universo imenso. cada música é como cada pessoa. toca-nos no coração, na alma, na pele de cada um de nós e deixa uma marca imperceptível ao olhar, mas vivo para sempre na memória.


...in the nick cave mood...




8.7.10

ainda das decisões

dizia eu que as várias decisões nos levam a caminhos diferentes, opostos na sua maioria, quase sempre decisões difíceis de tomar.

não foi muito difícil. difícil foi explicar porquês e inventar/omitir algumas coisas.

a consciência ficou tranquila.

continuo sem perceber como é que algumas pessoas conseguem dizer algumas coisas, pensar outras e ainda fazer outras. tudo completamente diferente. e ainda dormem à noite. go figure...

1.7.10

it really sucks

...

quase sempre que uma tomada de decisão se apresenta difícil, essa encruzilhada não é mais do que uma barreira que nos impusémos a nós próprios. no fundo, sabemos o que temos de fazer. por isso é que é tão difícil.

difícil não é decidir. é ter de justificar porque raio é que decidimos assim ou assado.

it really sucks...









hoje é o primeiro dia do resto da minha vida

fez um ano...

i don't feel alright




em boa consciência e auto-conhecimento e principal factor/causa/motor de arranque para a abertura deste blog é uma certa angústia no acto de escrever. até de respirar. estou com uma crise existencial. ninguém acredita mas estou. sinto-me sozinha. não tenho medo de o dizer, não tenho medo de o afirmar. sinto-me sozinha, cada vez mais sozinha. sinto-me incompreendida, e sinto que compreendo cada vez pior as pessoas. isolo-me. chateio-me por pensar que tenho de "aturá-las" e às suas merdas porque na maioria das vezes ninguém agradece coisíssima nenhuma, toda a gente acaba por ser mais egoísta do que parece e apenas um ou dois perguntam "como estás tu?" porque nunca perguntam. despejam o seu saco em cima de mim e o resto que se foda. acho que é do tempo que passa por alguns de nós. as pessoas afastam-se, é inevitável, mas ultimamente ando com a leve sensação de que toda a gente anda a comer merda às colheres. pode ser que não, mas o que era uma leve suspeita tornou-se uma certeza bastante forte.

porto de abrigo



esta música faz-me lembrar a rocha, em portimão. long walk on the beach. eu e o meu leitor de mp3, num tempo em que ainda não havia iPod. o passadiço de madeira e as manhãs de primavera debaixo dos meus pés, no cheiro madrugador da água fria e salgada a estoirar nas pedras da barra. os pescadores ao fundo, uma promessa de azul de dias melhores. a música em crescendo, uma espécie de esperança a nascer no fundo do peito, uma enorme vontade de chorar sem razão aparente.

fui muito feliz em portimão, mas não voltava nem por nada àqueles dias dos malditos cigarros à janela e noites intermináveis de insónias terríveis.