10.7.10

sisters in arms

não há nada que te possa dizer de novo. nada existe dentro de mim sem que o saibas já. acho que por dizer nunca ficaram muitas palavras, tanto de amor como de desamor (nunca te odiaria) porque as palavras são o que sempre melhor nos definiram como seres humanos, como mulheres de letras que somos. devo-te muito, minha irmã, minha amiga de todas as horas. atravesso um mau momento, um momento que tende a esticar até ao momento em que as horas passarão mais dispersas entre os ponteiros dos meus mil e um afazeres diários. sinto falta das conversas reais, de te ter por perto. das palavras reais. das que nos tocam, das que nos fazem rir e chorar, das palavras que acompanham gestos e calor. das que acompanham um bom prato e um bom copo de vinho. não precisa de ser num restaurante, não quero estar contigo num restaurante, já perdi a conta às vezes que jantámos em restaurantes. coisas tão simples como convidar-te para vires cá a casa, agora que tenho uma casa. cozinhar para ti, algo decente, não coisas feitas à pressão, como aquele arroz do mar congelado que te fiz pela primeira vez lá em casa, em que acabámos por comer ovos mexidos. gostava que ficasses cá em casa a dormir numa cama a sério, não num colchão. agora que encontrei alguém que gostava que chamasses "amigo" e a quem pedisses uma chávena de chá a meio da noite. somos do tempo das dormidas e das festas, dos convívios, do buraco negro, das cartas trocadas, das confidências em finais de adolescência perdida. sinto falta duma amiga que não tenho. muito mais do que de uma amiga que não tenho, sinto saudades tuas, da amiga que nunca trocaria por nada nem ninguém neste mundo. as armas podem de quando em vez sair à rua, mas no fim, todos temos sempre um pouco de bom, de mau e de feio. as armas recolhem-se no final do jogo. não passa de um jogo. porque sei que no final, perco sempre, perdes sempre, perdemos porque o nosso mau feitio não é assim tão mau. e retomamos tudo, como bons seres humanos sentimentais que somos. desculpa ser tão cruel por vezes. desculpa magoar-te desta forma. desculpa ter-te feito chorar.


acho que tenho apenas saudades de quem me passe os sapatos a ferro.


2 comentários:

La Tempesta disse...

Realmente já não há nada mais a dizer e há sempre tanto. De mim para ti, há sempre tanto nem que seja o silêncio que tu consegues ler.
Estava a ouvir/ver o vídeo... lembro-me sempre de te ter ligado, de ter desejado que estivesses lá comigo, mas a vida acontece e nós... nós sobrevivemos. Isso deixa-me muito feliz!

A kiss

P.S. Quanto aos sapatos, anytime, anywhere, bring it on! ;)

A.na disse...

:)