17.7.10

amizade ou caridade?




hoje estou mesmo em "fuck you all" mood.

a culpa não é do tempo, nem da crise, nem do mundo. a culpa também não é dos "outros". a culpa é mesmo minha. insisto sempre em achar que as pessoas são seres complexos, bonitos e interessantes nas suas diferenças, complexidades, mundos interiores. e depois fodo-me. pardon my english, mas é mesmo assim. fodo-me.

acho que já todos passámos por isso. é uma situação verificável a duras penas, depois de muitas "chapadas" no focinho, que custa muito, e custa aceitar certos factos de puro desinteresse porque nos damos a mesma importância relativamente aos outros em proporção directa à importância que damos a essas pessoas. ou seja, achamos que a outra pessoa nos corresponde no pensamento e na preocupação, da mesma forma que nos preocupamos e GOSTAMOS da outra pessoa.

isto não tem a ver com marte vs vénus nem com relações entre homens e mulheres, muito menos com sexo. tem a ver com amizade, ou um sucedâneo de amizade. recentemente acabo de constatar que fui um caso, não de amizade, mas de caridade. é isso mesmo. caridade. nunca foram o "caso de caridade" de alguém? o que é isso afinal? é algo que pensamos e confundimos (porque somos levados a isso) com amizade. a pessoa dá-nos (supostamente) o seu coração, a sua amizade para todo o sempre, abre-nos as portas de sua casa, fala connosco a todas as horas, passamos horas ao telemóvel, ficamos a saber os seus inúmeros dramas, hopes and dreams. essa pessoa, indiscutivelmente, por um motivo de grande infelicidade, uma má fase, precisou desesperadamente de uma pessoa "normal" na sua vida. nós somos essa figura de normalidade. eu fui a pessoa "normal" na vida de alguém que julguei ser meu amigo.

um dia, sem razão aparente, deixamos de ouvir falar ou saber de tal pessoa. deixa de atender os nossos telefonemas, deixa de querer saber se estamos bem ou mal. de repente, a amizade que era para todo o sempre, alterou-se do dia para a noite. toda aquela "paixão" meio dependente esfria até nem sequer haver um telefonema de natal ou aniversário. achamos estranho.

porquê caridade? porque tudo aquilo teve um falso alicerce de intimidade forçada, baseada numa não confessada diferenciação de nível social, diria mesmo, de status social. a pessoa faz-nos sentir especial, porque ela própria é especial e parece-nos revestida duma humanidade sem fim. afinal, o importante é a amizade, não o que a pessoa faz e somos mesmo levados a crer que importante é o ser humano. da mesma forma, somos levados, em diversas situações, a deslumbrarmo-nos por essa pessoa e até chegamos a pensar que desempenhamos um papel especial na vida de alguém que conhecemos há tão pouco tempo e é admirada por tanta gente (seja lá por que motivo for). chega finalmente o dia em que somos dispensados, mas até ao fim essa pessoa repetir-nos-á como somos especiais e únicos e adorados e preciosos, se for confrontada com um "nunca mais ligaste, desculpa se estou a incomodar". mas nunca existe um retorno no telefonema, um querer saber, nada. só mensagens vagas que não denotam real interesse.

problemas todos temos, e humanos somos todos, uns talvez mais do que outros. o que hoje brilha, amanhã pode não brilhar. não me interessa se a pessoa me diz que me adora se não estiver lá para mim, quando efectivamente não está. muitas vezes, estas pessoas queixam-se que os outros apenas vêem o brilho das luzes que as rodeiam, que não as amam pelo que elas SÃO, mas pelo que elas representam. às vezes (e repito apenas às vezes, porque nem todos são iguais), às vezes às vezes... não existe muito mais do que as luzes que rodeiam estas pessoas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Welcome to the real world full of shit (people) LOL

A verdade é que a maior parte das pessoas tá-se a cagar para tudo e todos, excepto para o seu próprio umbigo e apenas se aproximam dos outros conforme o seu próprio interesse por mais estranho que possa ser esse dito interesse

Live and learn, senão podes sempre perguntar-me LOL

A.na disse...

Full of shit mesmo!

O que vale é que há boas almas.

:)

"por mais estranho que possa ser esse dito interesse" podes crer!

Sabes H., isto de sermos um caso de caridade para um certo e determinado tipo de pessoa tem mais que se lhe diga, pois depois, como as pessoas até são educadas de ambos os lados, a água a ferver nunca chega a transbordar. Vai-se evaporando, até queimar a panela e fazer buraco.

Acho que prefiro assim. A pessoa vai ou foi desaparecendo, desvanece-se no tempo e eu confesso que chego mesmo a esquecer-me que tal pessoa existiu. Neste caso em particular (se quiseres perguntar, pergunta lol até sabes quem é ou pelo menos já ouviste falar lol), sei que não me vou esquecer, mas também não sei como hei-de reagir à posteriori. Nunca me aconteceu. Como será? Será como um ex-namorado que não vemos há muito tempo e a coisa faz-se educadamente? Fingimos que não vemos? Mudamos de passeio? Falamos do tempo? Como reagir se a pessoa passados 2 anos nos telefona a perguntar quantos filhos temos?

Life sucks...

Anónimo disse...

Se a pessoa ligar a perguntar quantos filhos tens, simplesmente diz: Wrong number, essa pessoa já não reside aqui LOL

Assim se ainda restava algum vapor para desaparecer e abrir buraco na panela podes crer que essa merda, digo pessoa, vai cair por esse buraco e para sempre

Gostei desta analogia LOL