4.9.11

Copy Paste

"A tua morte é sempre nova em mim.

Não amadurece. Não tem fim.
Se ergo os olhos dum livro, de repente
tu morreste.

Acordo, e tu morreste.
Sempre, cada dia, cada instante,
a tua morte é nova em mim,
sempre impossível.

E assim, até à noite final
irás morrendo a cada instante
da vida que ficou fingindo vida.

Redescubro a tua morte como outros
redescobrem o amor,
porque em cada lugar, cada momento,
tu estás vivo.

Viverei até à hora derradeira a tua morte.
Aos goles, lentos goles. Como se fosse
cada vez um veneno novo.

Não é tanto a saudade que dói, mas o remorso.
O remorso de todo o perdido em nossa vida,
coisas de antes e depois, coisas de nunca,
palavras mudas para sempre, um gesto

que sem remédio jamais teve destino,
o olhar que procura e nunca tem resposta.
o único presente verdadeiro é teres partido."

Adolfo Casais Monteiro






Sem comentários: